Conheça exemplos de projetos que seguem a premissa das cidades sustentáveis
Condomínio Jardim do Éden aposta em soluções sustentáveis para o escoamento da água
Atualmente, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 55% da população mundial vive em áreas urbanas, e esse percentual deve chegar a 70% até 2050. A maioria dessas cidades não foram planejadas e, com o crescimento da população aglomerada, aumentam os esforços para se controlar os índices de poluição do ar, das águas e do solo, além de impactos ambientais como chuva ácida, catástrofes hídricas devido à impermeabilização do solo, entre outros. No Brasil, estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que aproximadamente 90% dos municípios brasileiros enfrentam desafios ambientais significativos.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), estabeleceu, em 2015, que as cidades sustentáveis são fundamentais para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre esses objetivos, que devem ser buscados por cada país, tem-se a preocupação com água potável e saneamento, energia limpa e acessível, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis, ação contra a mudança global do clima e entre outros.
Terezópolis de Goiás é um município que tem buscado um desenvolvimento integrado aos recursos naturais. A cidade integra a Área de Proteção Ambiental (APA) da barragem do Ribeirão João Leite, responsável pelo abastecimento hídrico de 64% de Goiânia, e segue um regramento específico para seus projetos urbanos com objetivo de preservar a fauna, flora e recursos hídricos da região. Três projetos se destacam na região, confira abaixo seus diferenciais:
Drenagem urbana
O condomínio horizontal Aldeia Santerê é um projeto da Tropical Urbanismo, projetado para ser uma referência em sustentabilidade ecológica. Com 800 mil metros quadrados de área verde, o projeto assegura uma média de 744 m² de área verde por morador, quase 8 vezes maior que a média da capital de Goiás, Goiânia, e destaca-se pela sua abordagem de drenagem urbana.
Para assegurar a qualidade da água do João Leite, nenhuma gota de água das chuvas escorrerá para o lago. Para isso, o projeto incorpora 110 mil metros de swales, valas de captação que absorvem as águas pluviais e direcionam-nas ao lençol freático. A área de swales será complementada por um pomar de 15 metros de largura e 3900 metros de extensão, criando artérias verdes que promovem a integração com a natureza. Segundo Artur Basílio, da Tropical Urbanismo, 100% da água da chuva será captada pelos swales, garantindo uma recarga eficiente do lençol freático e minimizando o impacto ambiental.
Além disso, para garantir ainda mais a segurança hídrica, haverá na parte inferior do condomínio uma bacia de detenção e infiltração para receber qualquer resíduo de água ou excedente em caso de chuvas atípicas – que fujam do histórico de 20 anos na região, analisados pelos projetistas para calcular o projeto de drenagem. Além disso, cada lote terá de implantar um poço de infiltração para receber a água das chuvas dentro de sua área privativa e direcioná-las para o lençol freático.
Caixas de retenção
Um projeto que dedicou atenção especial para o cuidado da água na cidade é o Condomínio Jardim do Éden, da Ademaldo Construções, um condomínio horizontal, em obras, que faz parte do complexo Cidade Amor Maior, uma comunidade voltada para a criação de um complexo sustentável e conectado.
O condomínio será dotado de caixas de infiltração para garantir o escoamento da água pluvial. Elas ficam sob o solo, são preenchidas com pedras e areia, e recebem as águas das chuvas. Sua principal função é promover a infiltração da água das chuvas no solo, promovendo uma drenagem sustentável e compatível com a necessidade da região. “O solo do Jardim do Éden é acidentado, então as caixas de infiltração vêm como uma alternativa aos swales, visto que para esses é necessário um terreno mais plano”, explicou o arquiteto Walder Junqueira.
O projeto contará ainda com outros recursos para a vida sustentável das 89 famílias que habitarão o local, como a preservação de áreas verdes, gestão de resíduos sólidos por meio de compostagem doméstica e incentivo ao uso de energia solar. O condomínio tem uma área protegida de 18.875,61m², que preserva a biodiversidade local. Cada lote é projetado para manter 40% da área verde interna. Serão 600 metros quadrados de área verde por lote.
Pasto transformado em mata
A Ecovila Santa Branca é outro exemplo de como a urbanização pode ser alinhada com práticas de preservação ambiental. Também da Tropical Urbanismo, o projeto foi idealizado a partir dos anos 2000 numa área que tinha sido desmatada para ser área de pastagem. “Como era uma proposta sustentada no conceito ambiental, o reflorestamento deveria ser feito. Para o lançamento do empreendimento, foram plantadas 70 mil mudas de árvores nativas da região. Essa foi a primeira questão da nossa preocupação com a natureza da região”, diz André Lunardelli, empreendedor do projeto e, atualmente, morador do condomínio.
Ciente da importância da preservação da água, o projeto também contempla equipamentos que fazem 100% das águas pluviais que caem sobre a área da Ecovila sejam infiltradas ou reservadas para uso na época da seca. Além disso, o projeto implementou um sistema de esgoto inovador com fossas de evapotranspiração, popularmente conhecida como fossas de bananeira, onde os efluentes são tratados e reutilizados para nutrir as plantas. A Eco Vila é um modelo de como a integração de práticas ambientais pode criar comunidades sustentáveis e resilientes.
O projeto da Ecovila Santa Branca promoveu o reflorestamento com mais de 70 mil mudas de árvores nativas nas proximidades do João Leite
O Condomínio horizontal Aldeia Santerê tem mais de 110 mil metros de swales ao longo de sua área